Dando continuidade à tradição de homenagear um grande piloto do rally mundial nas provas realizadas em Curitiba, o italiano Sandro Munari emprestará seu nome à 3ª etapa do Troféu Candy Shop, no dia 19 de março.
Mas quem é Sandro Munari? Nome desconhecido das novas gerações, ele é simplesmente o primeiro piloto da história a conquistar o Campeonato Mundial de Rally e por mais de 30 anos foi o detentor do recorde de vitórias do Rally de Monte Carlo.
Nascido numa pequena comuna da província de Veneza em 27 de março de 1940, Sandro Munari iniciou no automobilismo em 1964, em uma corrida de kart fazendo dupla com o tricampeão italiano de rali Arnaldo Cavallari. No mesmo ano participou de uma prova de subida de montanha, como navegador de Cavallari. No ano seguinte, estreou como piloto, vencendo diversas provas na Itália antes de conquistar os campeonatos italiano (1967 e 1969) e europeu (1972) de rali. Ainda em 1972, venceu uma das mais tradicionais corridas de endurance para carros esporte-protótipo, o circuito de Targa Florio, na Sicília, pilotando uma Ferrari 312P em dupla com o piloto de Fórmula 1 Arturo Merzario.
Nos ralis, seu primeiro feito mundialmente memorável foi a vitória no Rali de Monte Carlo, em 1972, o que viria a se repetir por três vezes consecutivas entre 1975 e 1977, ano em que foi campeão do WRC – curiosamente, esta foi a sua única vitória naquele ano, e a última na carreira. Sua marca de quatro vitórias em Monte Carlo só foi superada em 2008, pelo gênio Sébastien Loeb.
Em março de 1976, há exatos 40 anos, ao vencer o Rallye de Portugal Vinho do Porto – eleito naquele ano a melhor prova da temporada –, Sandro Munari bateu o recorde de vitórias em ralis mundiais, então pertencente ao francês Jean-Luc Thérier.
É impossível dissociar o nome de Munari de outro ícone do automobilismo: o Lancia Stratos HF com as cores da Alitalia, equipe que levou ao tricampeonato mundial de rali nos anos de 1974, 1975 e 1976. O Stratos, criação da Carrozzeria Bertone para a Lancia, é considerado o primeiro carro concebido especialmente para provas de rali.
Quis o destino, contudo, que Munari não pudesse ser também reconhecido pessoalmente como detentor do tricampeonato: de 1972, ano em que o WRC foi instituído, até 1976, o campeonato era disputado apenas entre as fábricas.
A carreira de Sandro Munari foi meteórica e entrou em declínio em 1978, quando a Fiat (proprietária da Lancia) decidiu substituir o Stratos pelo Fiat Abarth 131. Por alguma razão, o campeão jamais se adaptou ao carro e não voltou mais a vencer. De 1978 a 1984, participou de apenas 12 provas do WRC, abandonando em 9 e obtendo como melhor resultado um 3º lugar. Seu grande sonho, que sempre fora o de vencer o Safari Rally, no Quênia – tanto que durante cinco anos foi esta a única etapa do Mundial em que ele correu –, nunca se realizaria.
Em 1985, teve uma breve passagem pela F1, como diretor esportivo da Euroracing Alfa Romeo, que contava com Riccardo Patrese e Eddie Cheever. Atualmente, dedica-se à sua escola de pilotagem, a Abarth Driving School Sandro Munari.