Com o número recorde de 63 pilotos, a rodada dupla de abertura da sétima edição da Copa RNK, realizada no último sábado (10) no Kartódromo Ildefonso Zanetti, em Irati, representou um marco na história do campeonato. Não somente pela quantidade e pelo elevado e equilibrado nível técnico dos participantes, mas pela magnitude do evento como um todo.
Sem a existência de karts para locação – os rental karts – no kartódromo para viabilizar a prova num dos palcos mais tradicionais do kartismo paranaense, a RNK contou com a completa estrutura do Fast Lap Kart Indoor, de Curitiba: karts, mecânicos, oficina, cronometragem e serviço de lanchonete, além de um experiente diretor de provas, o conhecido Jakteria.
A organização conjunta entre Fast Lap e RNK ainda disponibilizou diversos camarotes para os pilotos, familiares e espectadores e garantiu a permanência de um serviço médico de urgência no local. A presença de belas grid girls nas largadas e no pódio glamurizou ainda mais o evento. Enfim, nada ficou a dever em relação aos maiores espetáculos do automobilismo.
Alguns imprevistos ocorreram, algo esperado para um evento desse porte, sem no entanto estragar a festa. Algumas quebras de karts principalmente nas primeiras baterias, fruto do calor excessivo e do desgaste ocasionado pelos treinos da manhã, irritaram alguns pilotos e provocaram alguns atrasos – as baterias, programadas para terminar por volta das 21h, se estenderam até quase meia-noite por conta ainda de duas bandeiras vermelhas e dois atendimentos médicos.
O trabalho incansável dos mecânicos do Fast Lap, porém, permitiu que as provas se desenvolvessem dentro da normalidade. Até mesmo um princípio de incêndio durante a soldagem do escapamento de um dos karts no intervalo entre duas baterias foi rapidamente debelado, e o equipamento, posto em condições de rodar já na bateria seguinte, levou Andrey Lima à vitória.
Daniel Silva, que estreou na RNK pelo 34 Team, não poupou elogios à organização e, principalmente, “aos mecânicos que trabalharam muito e à boa vontade monstro do Fast Lap querer oferecer o melhor.” Para ele, quebras são normais. “Quem frequenta os kartódromos por aí sabe que nem boa vontade a maioria têm”, observou.
Para Everson Calaes, que entrou na RNK no final de 2016, o sábado foi alucinante. “Um kartódromo que eu nunca tinha corrido , uma pista espetacular , quero parabenizar a RNK e o Fast Lap por todo empenho e dedicação para acontecer o evento, sem essa parceria talvez eu nunca correria naquele kartódromo. Sobre quebra de karts e diferença, no indoor é uma coisa normal e corriqueira, acontece”, concluiu o piloto da Kamikaze Racing.
Devido ao elevado número de inscrições, os pilotos foram divididos em cinco baterias. Um sorteio previamente efetuado dois dias antes da prova definiu a distribuição dos 29 estreantes em Copa RNK nas primeiras baterias, os demais obedecendo a suas classificações nos campeonatos anteriores. Assim, as duas primeiras baterias do dia foram formadas apenas por estreantes na RNK, embora a maioria com grande experiência em competições.
Na primeira, a disputa pela liderança ficou entre João Cardoso, Kevin Bettio, e Alberi Carvalho durante boa parte da prova, até que problemas mecânicos os alijaram da disputa, abrindo caminho para a vitória de Kevin Bettio, após intensa briga com Anderson Miotto, o 2º colocado, e Everton Tonel, o 3º. Mais algumas voltas, e Nabor Patzsch e Jackson Gonçalves também entrariam na briga. Menos de três segundos separaram os cinco primeiros.
No final desta primeira bateria, logo após cruzar a linha de chegada, Ricieri Garbelini precisou de atendimento médico na pista. “Passei mal, muito calor”, explicou o piloto depois de “testar a ambulância”.
Na segunda bateria, Arthur Ehrat venceu praticamente de ponta a ponta, com competência e frieza para suportar o ataque de Claudinha Cardozo durante quase toda a prova. Fred Willian foi o 3º, enquanto Kelvin Axel, Giancarlo Blanco e Gilmar Coleta brindaram o público com uma bela disputa pelo 4º lugar.
A terceira bateria mesclou alguns estreantes com pilotos que passaram por um período sabático na RNK. Nesta, Samurai Sam alcançou com tranquilidade sua segunda vitória na Copa – a primeira havia sido na Superfinal de Interlagos em 2016. O estreante Daniel Silva foi o 2º. Destaque para Eduardo Bettega, 3º após quase dois anos de afastamento, e para Carlos Amaral, que chegou em 4º depois de ter marcado a pole – uma grata surpresa, já que jamais havia obtido resultados expressivos em suas poucas participações anteriores. O 5º foi o veterano Menyr Zaitter.
Essa bateria reservou, ainda, a chegada mais empolgante do sábado, com quatro karts cruzando a linha de chegada lado a lado. O curioso é que brigavam para fugir da última colocação na pista depois do abandono de Rodolpho Bettega.
As duas baterias finais da primeira etapa reuniram os pilotos de melhores resultados em 2017. A primeira delas, a quarta do dia, foi uma das mais equilibradas e disputadas no pelotão da frente nas primeiras voltas, até que se estabeleceram dois pegas – entre Tido Olmedo e Anderson Vieira na ponta, e entre Felipe Carneiro e Alessandro Trevisan pelo 3º lugar. O resultado se definiu nessa ordem, com Fernando Gonçalves completando o pódio. A surpresa ficou por conta de Andrey Lima. O piloto da RBR que desde dezembro de 2014 não saía do pódio, terminou somente em 10º.
Na bateria principal, Bruno Rocha sobrou na pista e venceu com a maior margem do dia, mais de 20 segundos sobre o 2º colocado, Luizinho Brambila. Marcos Martins foi o 3º, enquanto Everson Calaes levou a melhor sobre Carlos Feijão no único duelo interessante dessa prova.
Após breve intervalo, os pilotos foram reagrupados conforme seus resultados na primeira etapa. Aqueles que obtiveram os piores resultados, portanto, largaram na primeira bateria. Fernando Durando venceu com facilidade, seguido por Branda Ramirez, Alberi Carvalho, Nito Ramirez e Claudio Ferreira, numa prova sem muita emoção.
Na 2ª bateria, a noite já havia caído sobre o Kartódromo Ildefonso Zanetti quando um incidente logo após a largada provocou uma bandeira vermelha. Seis pilotos não obedeceram a sinalização e foram remanejados para o fim do grid na relargada. Andrey Lima pulou na frente e venceu com folga. Na medida em que os pilotos mais fortes de trás conseguiram escalar o pelotão, a briga pela segunda posição ficou boa. Paulo Cardoso conquistou o 2º lugar no final, seguido de Eugênio Westphalen, Marco Pitta e Charles Bonnevialle.
Na 3ª bateria Jackson Gonçalves venceu de ponta a ponta sem ser ameaçado. Eduardo Johnscher também não teve trabalho para manter a 2ª posição. Juliano Cunha, o 3º, ainda tentou no começo, mas depois foi perdendo terreno, sem no entanto sofrer ameaça. Completaram o pódio Marcelo Saito e Marcelo Tirisco.
Alessandro Trevisan venceu a 4ª bateria com tranquilidade, como tranquilo foi o 2º lugar de Felipe Carneiro. A disputa foi intensa, entretanto, pelo 3º lugar, que acabou nas mãos de Renato Braga, com pequena vantagem sobre os próximos três – Anderson Rocha, Carlos Feijão e Fred Willian – que cruzaram a bandeirada juntos.
A bateria principal do sábado foi simplesmente espetacular e, ainda, proporcionou um enorme susto. Uma queda de sinal no sistema logo após a largada provocou a interrupção da prova. A bandeira vermelha foi agitada na reta principal e, enquanto alguns pilotos da frente frearam bruscamente, outros demoraram a reagir, provocando diversas batidas. Arthur Ehrat, no final do pelotão, não conseguiu parar e, com a pista bloqueada, acabou invadindo a grama e atropelando o diretor de prova. Prontamente atendido pela equipe de emergência e por dois médicos presentes no local – o piloto Fernando Gonçalves e Karoline Martins, esposa do piloto Marcos Martins – o Jakteria foi encaminhado para exames e liberado, felizmente sem maiores ferimentos.
Reiniciada a prova, Daniel Silva literalmente pulou na frente, seguido de Luizinho Brambila e Nabor Patzsch, numa das disputas mais quentes do sábado. Outro pega se estabeleceu no segundo pelotão, do qual participavam Claudia Cardozo, Tido Olmedo, Bruno Rocha e Samurai Sam. Brambila acabou abandonando e Nabor, depois de muito trabalho, conseguiu se estabelecer na ponta, com Daniel Silva em 2º. Em pilotagem bastante agressiva, Samurai assumiu a 3ª posição, com Claudinha em 4º e Tido fechando o pódio. Bruno Rocha sofreu uma pane e abandonou na penúltima volta. “Foi uma guerra contra a mente, concentração e foco tiveram que ir a mil pra conseguir me manter à frente do Daniel”, exultou o vencedor da bateria mais forte da etapa.
Computados os pontos das duas etapas, Alessandro Trevisan saiu de Irati como líder do campeonato com 46 pontos e com direito ao prêmio de Piloto Destaque concedido pela academia Fitness Racing. “Pensa num cara feliz com o resultado, esse cara sou eu”, vibrou o Ale.
Entre as equipes, a liderança é do Fast Lap Racing Team, de Bruno Rocha, Nabor Patzsch e Juliano Cunha. Na disputa pelo título feminino – pela primeira vez em jogo na Copa RNK – quem saiu na frente foi Claudinha Cardozo, que ocupa o 11º lugar na classificação geral. Na Super100, destinada aos pilotos com mais de 100 quilos e também disputada pela primeira vez, a liderança é de Marcelo Saito, 29º na Geral.
A próxima rodada da Copa RNK acontece em maio, no Kartódromo Granja Viana, em São Paulo.