Às vésperas da determinação da CBA suspendendo a realização de provas automobilísticas em todo o território nacional, a Copa RNK largou dia 14 de março, em sua nona temporada, no Kartódromo dos Ingleses, em Florianópolis. Seis baterias foram disputadas na rodada dupla que abriu o campeonato de 2020 sob um sol de rachar e se estendeu até o início da noite.
O melhor piloto do dia foi Andrey Lima, que venceu suas duas baterias e saiu de Floripa com boa vantagem no certame. Dentre os estreantes na RNK, os destaques ficaram por conta de RafaBin – famoso no mundo do automobilismo virtual –, que venceu a primeira bateria, e Leandro Pires, que subiu duas vezes ao pódio e terminou a rodada em 5º lugar no campeonato.
Na primeira bateria do dia, o estreante RafaBin disse a que veio e começou cravando a pole. Seus 103 quilos, entretanto, não colaboraram na hora da largada e permitiram que Afonso Herzer (P3) e Maria Bedin (P5) pulassem na frente. Largando na segunda posição o piloto de Florianópolis Gabriel Casa, com problemas no kart, demorou a partir e segurou a fila de fora.
Não demorou muito para a jovem pilota criada nos Ingleses, Maria Bedin, assumir a dianteira trazendo junto RafaBin e Herzer. Foi uma perseguição implacável do “piloto virtual”, que só definiu a ultrapassagem nas últimas voltas para colher a vitória na estreia. Antes, Herzer já tentara uma ultrapassagem dupla no final do retão, mas acabou rodando.
Rafael Demmer tirava tudo e mais um pouco do seu kart para se aproximar dos líderes, atacando sem dó a zebra para “endireitar” a chicane, a ponto de perder um lastro. Com a perda de cinco posições como punição, o descuido tirou-o do pódio, e de nada valeu ter chegado em 3º. Fazendo brilhante corrida de recuperação depois de ficar preso na largada, Leandro Pires herdou o 3º posto.
Afonso Herzer e Thiago Vasconcelos completaram o pódio. Maria Bedin foi a dona da volta mais rápida, enquanto Luiz Felipe Pereira e Régis Montibeller registraram a maior escalada de pelotão, avançando 6 posições em relação à largada.
A segunda bateria – a série B – foi uma das mais emocionantes, apesar da vitória tranquila de Nilton Rossoni, que largou na ponta e logo abriu grande vantagem para vencer com quase 20 segundos de diferença sobre o segundo colocado. O excesso de vontade e a afoiteza de alguns pilotos, contudo, provocou dois incidentes que embaralharam as posições logo na primeira volta.
O primeiro, provocado por Bruno Ferrari na entrada da curva da coragem. Depois de largar na primeira fila, mas demorar a partir e cair para o fim do pelotão, errou na freada e levou mais dois ou três para fora da pista. O segundo no cotovelo, quando António Keps forçou para recuperar posições no segundo pelotão e atingiu Maykoll Carvalho e provocou um enrosco de quem estava perto.
Otto Jr., Gilmar Coleta, Marco Pitta e Mir Dall’Agnoll, que encabeçavam o pelotão, passaram limpos e proporcionaram bela disputa pelo segundo lugar. Com exceção de Pitta, que acabou ficando para trás, os outros três duelaram até o final, com o segundo posto decidido em favor de Coleta. Otto foi o 3º e Mir, o 4º.
No último terço da prova, a disputa pelo 5º lugar se concentrava entre António Keps, Marjorie Johnscher e Marco Pitta, mas quem roubou a cena e superou todos foi Bruno Ferrari. Em corrida de recuperação depois de cair para último na primeira volta, ele terminou em 5º e ainda marcou a melhor volta do dia. Marjorie terminou em 6º e, junto com Clovis Casavechia, registrou o maior avanço (5 posições) em relação à largada.
Claudinha Cardozo pulou na frente depois de fazer a pole na série A, seguida de perto por Andrey Lima e José Lellis, com Fábio Mathoso um pouco atrás. Enquanto os ponteiros se distanciavam, o segundo pelotão “batia borrachão” em busca de espaço, com várias rodadas e escapadas de pista.
Andrey Lima assumiu a ponta, Claudinha rodou no miolo perdendo várias posições, e a briga pelo segundo posto se concentrou inicialmente entre Mathoso e Lellis. Vindos de trás, Everton Tonel, Eugênio Fabian e Claudinha também chegaram para a festa.
Quanto mais a briga se intensificava pelo segundo posto, mais Andrey se firmava na dianteira. Não havia mais como ver ameaçada a liderança, e a vitória se deu por folgados cinco segundos. Numa bela escalada de pelotão, Eugênio e Claudinha – que cravou a melhor volta da bateria – foram 2º e 3º. Na briga pelo 4º lugar entre Mathoso, Lellis e Tonel, este último ficou no prejuízo ao levar um toque e rodar na última volta. Mathoso e Lellis completaram o pódio.
Eugênio, Adriano Goulart e Chico Johnscher fizeram o maior avanço, ganhando 4 posições em relação à largada.
A série C reuniu os últimos colocados das séries B e C da primeira etapa e teve a vitória de Thiago Pilkel – segunda dele na RNK – depois de muita disputa com Leandro Laube, que havia largado na pole. O piloto local Gustavo Casa foi o 3º, Karina Cardozo terminou em 4º e Rodolpho Bettega, ausente do pódio desde 2016, foi o 5º, depois de um dos melhores pegas do dia contra Menyr Zaitter, Régis Montibeller, Clovis Casavechia, Allysson Rossoni e Júnior Cazu.
Coube a Laube a volta mais rápida da prova, e a Casavechia, largando em último, o maior avanço ao galgar sete posições em relação ao grid.
A segunda bateria da prova – série B – foi uma das mais equilibradas da rodada, com os seis primeiros karts recebendo a bandeirada num intervalo de dois segundos. Everton Tonel largou na pole, mas perdeu várias posições logo nos primeiros metros. Pularam na frente Rafael Demmer, saindo de P4, e Maria Bedin, saindo de P2.
Chico Johnscher, P3 no grid, assumiu a ponta na quinta volta e preocupou-se apenas em administrar uma vantagem segura entre um e dois segundos à frente da briga pela segunda posição, entre Demmer, Maria e Leandro Pires.
Enquanto Chico garantia a vitória, o segundo lugar só se definiu nas últimas voltas em favor de Pires, com Demmer chegando em 3º. Maria Bedin cruzou colada em 4º, mas foi punida com a perda de cinco posições por falta de 1 kg de lastro. Everton Tonel herdou a 4ª colocação, ficando Fabio Junior com o 5º lugar.
Ganhando seis posições, Eduardo Kalinowski e Fernando Janiski foram os pilotos que realizaram o maior avanço. A melhor volta de Maria Bedin foi invalidada por não cumprir o peso mínimo.
A série A teve mais uma vitória de Andrey Lima, depois de muito esforço para superar o pole Fábio Mathoso, que marcou também a melhor volta da bateria. Em outro duelo ferrenho, Gilmar Coleta levou a melhor sobre Adriano Goulart para terminar em 3º.
A melhor disputa da prova, entretanto, foi pelo 5º lugar, com Eugênio Fabian e Nilton Rossoni trocando de posições inúmeras vezes sem nenhuma manobra desleal. Rossoni acabou no pódio e ainda obteve o melhor avanço (4 posições).
Somadas as pontuações das duas etapas da rodada dupla, a liderança do campeonato é de Andrey Lima, com 50 pontos. O vice-líder é Nilton Rossoni com 45, seguido de Fábio Mathoso (43), Gilmar Coleta e Leandro Pires (42), Eugênio Fabian (40), Chico Johnscher e Claudia Cardozo (38), Maria Bedin e Adriano Goulart (37) fechando o top 10.
Com três vitórias e seus dois pilotos – Andrey Lima e Nilton Rossoni – no pódio nas duas etapas, a RBR Extreme disparou na liderança entre as equipes, com 95 pontos. Em 2º vem a NFSKB, de Fábio Mathoso, Leandro Pires e Fernando Janiski, com 85 pontos. A Johnscher Racing (Chico, Eduardo e Marjorie Johnscher) é a 3ª colocada com 71, empatada com a OOP Racing, de Otto Jr., Bruno Ferrari e Fabio Junior.
A Copa RNK tem o apoio de Candy Shop, Correta Redações, Acrílico Shalon, Fast Lap Kart Indoor e parceria com o Canal RafaBin.
Incansável, Arizoli Pereira fez de tudo, como sempre, para bem receber a turma da RNK. Desta feita, contou com Gabriel Lellis e Matheus Cruz na linha de frente.
Terminado o evento, hora de desmontar o circo. Na hora de recolher as placas publicitárias espalhadas pela pista, faltou uma. Vasculha por tudo, já no escuro. Tinha ficado esquecida em Curitiba.
Pilotos sentados nos karts para iniciar o qualify da primeira bateria, faltava um piloto. Era Eduardo Kalinowski, tranquilo, sentado no paddock. O piloto se arrumou rapidamente e consegui ir para a pista.
Ao final do evento, uma comovente homenagem foi prestada a Chico Johnscher, um dos organizadores da Copa RNK, com direito a bolo de aniversário que fazia naquela data. O piloto ainda comemorou o lugar mais alto do pódio em uma das baterias, depois de mais de dois anos de jejum.
Alijado da briga pelo pódio na última volta, Everton Tonel desabafou: “Na próxima vai ser empurrão e solavanco, a partir de agora vamos atropelar, mais fácil levar punição e estar lá na frente do que dar uma de bonzinho.”
Estreando na RNK, Rafa Bin gravou vídeo para o seu canal no YouTube. E fez bonito, vencendo a primeira bateria do dia. O Canal RafaBin é novo parceiro da Copa RNK.
Eugênio Fabian era um dos mais animados no final da prova. Para ele, o 5º lugar na segunda bateria foi mais divertido que o 2º lugar na primeira: “Foi o melhor pega desde que corri na RNK. Foi disputa de 5º lugar, mas valeu a viagem. Eu passei ele [Rossoni] 6 vezes e ele me passou 7.”
O GP de Ingleses teve o retorno de alguns precursores da RNK: o rallyzeiro Edinho Marques, cuja última participação havia sido em 2016, Rafael Demmer, ausente desde meados de 2018, Marjorie Johnscher, após um ano de ausência, e Rodolpho Bettega, depois de praticamente seis meses. Também reapareceu Karina Cardozo, que havia disputado somente o primeiro turno de 2018.
Por outro lado, figuras carimbadas na RNK, como Carlos Feijão, Bruno Rocha, Nito Ramirez, Tido Olmedo, Elvira Cilka, Luizinho Brambila, Juliano Cunha, Everson Calaes, Felipe Carneiro, Marcelo Rosa, Kleber Borges e Anderson Vieira foram ausências sentidas em Ingleses. Alguns prometem voltar assim que o coronavírus deixar…
Cinco dos dez pilotos que terminaram no top 10 em Ingleses correm pelo Candy Shop RNK Team, equipe que representa a RNK nas provas de endurance: Andrey Lima, Nilton Rossoni, Gilmar Coleta, Eugênio Fabian e Chico Johnscher.
Três pilotos foram penalizados por não cumprirem o peso mínimo de 90 kg ao final da prova. Rafael Demmer perdeu uma placa de 5 kg na 1ª bateria ao saltar com seu kart sobre a zebra da chicane; José Lellis, na última bateria, perdeu uma caneleira de 1 kg, o que lhe fez faltarem 100 gramas na pesagem; e Maria Bedin, na 2ª bateria da série B, pesou 89 kg – a moça já havia sido alertada sobre o risco de correr no limite ao chegar na 1ª bateria com apenas 200 gramas de folga.
Sem fechar parceira para o champagne no pódio, os organizadores improvisaram com cerveja para os vencedores. A ideia agradou e já tem fabricante de cerveja artesanal interessado em parceria.
