11/08/2020 – Redação
Fotografia: Clayton Medeiros
Com o maior grid desde o início da pandemia do covid-19, o Kartódromo Internacional Beto Carrero recebeu, neste 1º de agosto, 43 pilotos na abertura do 2º turno da IX Copa RNK. Luizinho Brambila foi o grande vitorioso da rodada, vencendo suas duas baterias para pular na frente na disputa do título. Mas se na pista os pilotos demonstraram o alto nível da RNK em todas as séries – cinco dos dez primeiros ao final da rodada começaram na série C –, fora dela alguns ânimos tiveram de ser serenados pelos organizadores.
Falhas na cronometragem e sensores que não funcionaram provocaram atrasos em cascata, e a prova, cujo encerramento estava previsto por volta das 17h, se arrastou até mais de 20h. A histórica falta de equalização dos karts do Beto Carrero fez com que a organização, contrariando o Regulamento, permitisse a troca de karts durante o qualify, do que se prevaleceram alguns pilotos – entre eles Luiz Brambila – para buscar karts com melhor desempenho já na tomada de tempo, o que acabou gerando insatisfação por parte de alguns.
A administração do kartódromo também “inovou” ao exigir da organização que se responsabilizasse pela fiscalização de pista e direção de prova, diferente da prática habitual do rental kart.
A primeira etapa da rodada foi estabelecida no traçado convencional do Kartódromo Beto Carrero, e a primeira bateria – a série C – já prometia ser forte por trazer pilotos de alto nível que não haviam participado do 1º turno ou tinham participado de apenas uma prova. Tido Olmedo, Marcelo Tirisco, José Lellis, Juliano Cunha, Marcelo Schoba e Bruno Tarachuka, assim, despontavam entre os favoritos.
José Lellis marcou a pole, mas Juliano Cunha foi mais eficiente na largada e pulou da 5ª fila para assumir a liderança. Nas primeiras voltas, a luta pela ponta foi intensa entre Cunha, Schoba, Tido e Tarachuka. Mas Lellis, que ficara para trás na largada, abriu caminho para se firmar na frente lutando com Schoba a cada curva pela liderança. Tarachuka deixou a porta aberta no Cotovelo e, ao tentar defender a posição, acabou rodando e caindo para último. A briga pelo 3º se consolidou então entre Marcelo Tirisco e Tido Olmedo, que lutava também contra a falta de freio de seu kart, do que se aproveitou o estreante Marco Mega para ultrapassar os dois. A essa altura, Cunha já havia caído para o meio do pelotão.
Na última volta, Marcelo Schoba arriscou tudo na Bacia para assumir a ponta e vencer, em manobra muito criticada por Lellis, mas considerada normal pelos fiscais. Mega herdou a 2ª colocação, e Lellis ainda viu Tido e Tirisco passarem. Tirisco acabaria punido com a perda de cinco posições por falta de 400 gramas na pesagem final. Elvira Cilka completou o pódio.
Na série B, Rafael Demmer e Eduardo Johnscher largaram na primeira fila mas, assim como na bateria anterior, foi um piloto do meio do grid, Júnior Cazu, que arrancou melhor e assumiu a dianteira. Também por pouco tempo. Num dos melhores embates do dia, Demmer, Johnscher e Marcos Martins se alternaram na ponta durante todas as 17 voltas. No final, quem comemorou foi Rafael Demmer, com Martins em 2º. Eduardo Johnscher, em 3º, ainda sofreu o ataque de Emygdio Westphalen na última volta e por muito pouco não perdeu a posição. Felipe Mathias completou o pódio.
Na bateria principal, a disputa pela ponta também foi intensa, com diversas alternâncias na liderança, entre o pole Luizinho Brambila, Jackson Gonçalves, Nilton Rossoni e Fábio Mathoso. Andrey Lima largou em P2, mas seu kart demorou para embalar perdendo várias posições e o piloto penou para conseguir um 5º lugar no final e terminar no pódio. Brambila venceu, com Rossoni em 2º, Mathoso em 3º e Jack em 4º.
Um traçado inédito foi escolhido para a segunda prova do dia. Encurtando o miolo, um gancho invertido foi criado antes da Firewhip para engatar no meio do miolo, com pneus delimitando a parte interna para evitar o corte de pista pela grama, enquanto um “S” em subida acessava a reta das 500 milhas para entrar no anel externo e completar a volta.
O atraso acumulado, entretanto, criou um elemento surpresa que pegou os pilotos da série C completamente desprevenidos. Assim que fez a tomada à esquerda para fazer o gancho, ofuscado pelo sol, Thiago Pilkel atropelou os pneus, que se espalharam pela pista. Alessandro Trevisan também não viu nada, bateu nos pneus, rodou e foi atingido em cheio por Guto Hass, que vinha logo atrás. A rápida intervenção dos fiscais e a perícia dos pilotos evitou um acidente de graves proporções, já que os karts seguiam muito próximos. Bandeira vermelha acionada, a tomada de tempo foi reiniciada assim que o sol baixou e a visibilidade no trecho foi restabelecida.
Trevisan, cujo kart teve uma roda quebrada no impacto, trocou de equipamento, fez a pole e ganhou de ponta a ponta com facilidade, depois de um semestre inteiro longe das pistas. Kelvin Axel foi o 2º, mas, punido em 10 segundos por uma ultrapassagem em bandeira amarela, “cedeu” o lugar para Bruno Tarachuka. Thiago Pilkel e Richard Eggenstein fecharam o Top 5.
Na série B, a disputa pela ponta ficou entre os dois pilotos que largaram na primeira fila, com Anderson Vieira levando a melhor sobre Juliano Cunha. Marco Mega mais uma vez fez bela prova e numa largada brilhante pulou do P11 para 3º. Tido Olmedo, José Lellis e Otto Jr. travaram a disputa pelo 4º lugar, terminando nessa ordem.
Na série A, Luizinho Brambila sobrou, vencendo de ponta a ponta com mais de 8 segundos de vantagem sobre Jackson Gonçalves, o 2º. Andrey Lima conseguiu se defender dos ataques de Fabio Júnior para terminar em 3º e Marcos Martins levou a melhor sobre Nilton Rossoni para ficar no 5º degrau do pódio.
Com as duas vitórias, Luizinho Brambila lidera o 2º Turno com 52 pontos, seguido de Marco Mega (44), Ale Trevisan (43), Anderson Vieira (42), Jackson Gonçalves (42), Marcos Martins (41), Juliano Cunha (40), José Lellis, Nilton Rossoni e Tido Olmedo, todos com 39 pontos.
Entre as equipes, a Gordelícias Fast Lap – formada por Brambila, Demmer e Anderson Rocha – lidera com 89 pontos, seguida pela OOP Racing (Fabio Júnior, Otto Jr. e Marco Mega) com 80 e RBR Extreme (Andrey Lima e Nilton Rossoni) com 77.
O experiente ex-dirigente da APA, hoje à frente da SKS, Pedro Giulliano foi escalado para a Direção de Prova. Com profissionalismo, serenidade e muita vontade, enfrentou as dificuldades decorrentes da falta de mão de obra do kartódromo para bem conduzir a parte desportiva da prova.
A falta de pessoal do kartódromo teve de ser suprida pelos próprios pilotos da RNK, que assumiram as bandeiras nos postos de fiscalização da pista. Juliano Cunha, Luiz Brambila, Andrey Lima, Eugênio Fabian, Alessandro Trevisan, Everton Tonel, Tido Olmedo, Elvira Cilka, Marcos Martins, Eduardo e Chico Johnscher foram alguns dos que revezaram entre o volante e a bandeira.
A utilização de pilotos na função de fiscais, embora por um lado possa acabar lhes tirando a concentração na hora de “virar a chave” para competir na sequência, por outro se mostrou eficaz na aplicação de punições. Agiram com rigor e imparcialidade, a ponto de Chico Johnscher tomar um pênalti de 10 segundos aplicado pelo próprio filho e companheiro de equipe ao esbarrar nos pneus que delimitavam o traçado no gancho do traçado 4.
Não foram poucos os que sofreram punição naquele ponto. Felipe Mathias conseguiu a proeza de ser punido duas vezes no mesmo local.
Na hora de alinhar o grid da primeira bateria, constatou-se que dois karts não tiveram seus tempos registrados por falha nos sensores. Elvira Cilka e o estreante João Chevalier tiveram de voltar à pista para realizar novo qualify. O problema se repetiria em outras baterias. Lamentável a falta de preparo da equipe de cronometragem.
Encerrado o qualify da primeira bateria, nova confusão atrasou ainda mais a largada. Dois karts não constavam da relação para formar o grid: Kelvin Axel e Marcelo Schoba haviam colocado em seus karts a placa com número errado.
Aliás, a demora excessiva no alinhamento comprometeu os karts que permaneceram ligados. Quem desligou o motor e economizou embreagem se deu bem. Nas duas primeiras baterias, Juliano Cunha e Júnior Cazu pularam do meio do pelotão para a ponta quando a bandeira verde baixou.
Iniciada a tomada de tempo da primeira bateria da série A, Fábio Mathoso nem completou a primeira volta e recolheu para o box para trocar de kart. Luizinho Brambila fez o mesmo. Ambos saíram com os dois primeiros karts reservas, “coincidentemente” os primeiros colocados da bateria anterior, terminando em P1 e P3 respectivamente. A atitude gerou reclamações ao final da bateria, mas foi considerada legal pela organização, que extraordinariamente havia admitido tal recurso no briefing da véspera.
Verdadeira demonstração de fair-play foi dada por Eduardo Johnscher na última bateria. A quebra do escapamento no qualify obrigou o piloto a trocar de kart e alinhar em último no grid. Com o novo kart em péssimas condições, tomou uma volta de quase todos os competidores, mas levou-o até o final assim mesmo.
Os atrasos que foram se acumulando ao longo do dia levaram Rafael Demmer a desistir da última bateria. Com compromissos familiares em Blumenau, o piloto deixou o Beto Carrero momentos antes da largada.
Louvável a boa vontade do novo gestor do Kartódromo Beto Carrero e a humildade em reconhecer sua inexperiência na área autoesportiva. Mas se investimentos não forem destinados a equipamentos e material humano com urgência, em breve teremos mais um kartódromo brasileiro condenado ao abandono e ostracismo.
Marcada para o dia 19 de setembro na Granja Viana, a segunda rodada deverá ser realizada em outro local. Em virtude da covid-19, muitos pilotos se posicionaram contrários a uma viagem tão longa devido a toda logística envolvida. O inédito Kartódromo de Ascurra se apresenta como um dos circuitos mais viáveis para receber a etapa.
A Copa RNK tem o apoio de Candy Shop, Correta Redações, Acrílico Shalon, Fast Lap Kart Indoor e parceria com o Canal RafaBin.