A demanda reprimida pelo longo período de restrições devido à covid-19, a proximidade de casa e a imensa vontade de voltar às pistas foram fatores determinantes para que no último sábado (24) fosse batido o recorde de participantes em dez anos da história da Copa RNK. O palco escolhido para a abertura da temporada histórica que marca os 10 anos de existência do campeonato foi o berço do kartismo paranaense, o Kartódromo de São José dos Pinhais, agora batizado de Kart Park.
Com 73 pilotos aptos a competir – 25 dos quais estreando na RNK – foi necessário dividi-los em seis séries. Para evitar a aglomeração e permanência excessiva nas dependências do kartódromo, adotou-se um sistema diferente na sequência habitual das baterias. Em vez de serem disputadas todas as 6 baterias (F1-E1-D1-C1-B1-A1) do 1º GP São José dos Pinhais e depois as 6 (F2-E2-D2-C2-B2-A2) do 2º GP, as séries foram intercaladas no formato F1-E1-F2-D1-E2-C1-D2-B1-C2-A1-B2-A2. O escalonamento permitiu que cada piloto tivesse menos tempo ocioso e permanecesse menos tempo no local, embora exigisse que aqueles que caíram para a série inferior tivessem de competir em duas baterias seguidas.
Assim, os 25 estreantes – a maioria apenas estreando na RNK, mas com sólida experiência no kartismo – foram os primeiros a ir para a pista compondo, por sorteio, as séries F e E, à qual se juntou o piloto Riti Garbelini, de volta à RNK depois de dois anos.
Da turma “nova”, Diego Fernandes venceu suas duas baterias (F1 e E2). Se na E2 a vitória foi tranquila, com quase 20 segundos sobre o P2 Kauê Pampuch, na primeira não houve trégua, com Diego e Matheus Schillo se alternando na liderança até três voltas antes da bandeirada, quando uma falha de alimentação alijou Matheus da disputa. Ele, que já havia feito a pole, ainda voltou à pista para, com outro kart, cravar e melhor volta da bateria em sua última passagem. O pódio da F1 foi completado por André Maschio, Mateus Willy, Kauê Pampuch e Tiago Jordão. O “menino” de recém-completados 15 anos, mas que já anda de kart desde os 3, no entanto, não se abateu.
Na sua bateria seguinte (F2), acabou vencendo com sobra – mais de 30 segundos sobre o piloto da Bagrinho’S Kart, de Matinhos, Alex Junior Motta – depois de marcar mais uma pole e melhor volta. Nesta bateria, o que não faltou foi emoção na briga literal pelo 3º posto, entre Bruno Malinski, Tayrone Silva, Maickon Eckstein e Anderson Pereira. Malinski vinha em 3º, mas acabou tirado da pista por Tayrone, que acabou penalizado. Sorte de Mayckon Eckstein, que acabou herdando o P3. Anderson Pereira, também penalizado na mesma volta por forçar a ultrapassagem sobre Mayckon, foi o P4 e Malinski amargou um 5º lugar.
A segunda bateria de estreantes (E1) teve três pelotões de dois karts na frente. Pablo e Roberto Margeon – este marcando a melhor volta do dia –, Bradley Gabardo e Leandro Schillo, e Brendon Gabardo e Reinaldo Litcha. Curiosamente os mesmos seis, subindo para a D2, ficaram à frente dos seis “rebaixados” da série C1, invertendo-se apenas as posições entre Roberto (que venceu) e Pablo, e entre Brendon e Bradley. Os irmãos Gabardo, inclusive, promoveram dois dos melhores pegas do dia, ambos com Leandro Schillo.
Os estreantes, aliás, de maneira geral, apresentaram bom desempenho. Na E2, além de Diego e Pampuch, outros três – Leo Taborda, Mateus Willy e Claudemir Luz – ficaram à frente dos veteranos da RNK e subiram ao pódio.
A série D1 teve a primeira vitória de Gilmar Coleta, ameaçado apenas por Adriano Goulart até que este rodou. Foi uma das baterias mais “quentes” da rodada, com muitos lances ríspidos e que acabaram em punições. Acabou sobrando para Bruno Ferrari, que vinha em boa recuperação depois de largar em último e foi tirado da pista. Marcelo Saito terminou em 2º, Luiz Pimentel em 3º, Goulart e Flávia Gavazzoni completaram o pódio. Coleta (P2) e Goulart voltariam ao pódio ainda na C2, que teve a vitória de Bruno Tarachuka, o P3 de Thiago Vasconcellos e o P5 de Elvira Cilka.
Na C1, o trio que partiu na frente promoveu uma bateria disputadíssima durante toda a prova, com a vitória de Guilherme Medeiros sendo sacramentada apenas na bandeirada. Ariel Dalprá e Marco Mega foram P2 e P3, com Rafa Bin terminando logo atrás. Thiago Pilkel completou o pódio.
A noite já havia descido e a lua despontava no céu quando os principais pilotos do ranking da RNK – séries A e B – foram para a pista pela primeira vez. Na B1, Fabinho Jr. largou na pole, fez a melhor volta e soube administrar com tranquilidade as ameaças no início para vencer com facilidade. A disputa pelo 2º lugar ficou entre Júnior Cazu, António Keps, Bruno Tarachuka e Emygdio Westphalen, mas os dois pilotos da Tartarugators acabaram se firmando em P2 e P3. Tarachuka ficou para trás – quem terminou no pódio foi Otto Jr. – e acabou caindo para vencer depois a C2, que antecedeu a bateria principal do 1º GP São José dos Pinhais.
Na série A, quem mais brilhou foi o campeão de 2019, Jackson Gonçalves, que venceu as duas baterias. Na primeira, só precisou administrar a vantagem obtida com a pole e controlar a distância para o atual campeão Fábio Mathoso e o campeão de 2018 Andrey Lima. Na bateria final, contudo, precisou abrir caminho depois de largar apenas na sexta posição no grid. Andrey e Mathoso inverteram posições e terminaram em P2 e P3. Felipe Mathias e Tido Olmedo foram 4º e 5º, respectivamente, em ambas as baterias, de modo que o pódio da série A teve os mesmos figurantes por duas vezes.
Antes, foi disputada ainda a B2, uma das mais emocionantes da rodada. Marcos Martins fez a pole mas, sem conseguir abrir vantagem, viu uma “minhoca” de sete karts se formar atrás de si. Com muito piloto e pouco asfalto, os karts se embaralharam e na 3ª volta, Anderson Vieira apontava no fim da reta na ponta, seguido por Ariel Dalprá, Chico Johnscher e Martins. Este, porém, abriu caminho para recuperar a dianteira na última volta e sair vitorioso. Dalprá foi 2º e Vieira o 3º. Chico Johnscher, que vinha em 4º se defendendo dos ataques de Karina Cardozo e Guilherme Medeiros, protagonizou o “momento-tragédia” da bateria na última volta. Ao confundir a bandeira branca com a quadriculada, tirou o pé e acabou perdendo o lugar no pódio.
Os resultados completos de todas as baterias estão aqui.
A pontuação somada das duas etapas, que ainda não incorpora o descarte do pior resultado (N-1), coloca Jackson Gonçalves na liderança com 53 pontos, um ponto à frente do vice-líder Diego Fernandes graças ao bônus obtido por realizar o maior avanço (5 posições) na última bateria. Roberto Margeon é o 3º com 50, seguido de Gilmar Coleta e Pablo Margeon (48), Guilherme Medeiros, Andrey Lima e Ariel Dalprá (44). Bruno Tarachuka (43) e Marcos Martins (42) fecham o Top 10.
Entre as equipes, a liderança é da RBR Green Label (Andrey Lima, Diego Fernandes e Fábio Jr.), com 102 pontos, seguida da Box45 (Jackson Gonçalves, Karina Cardozo e Fábio Mathoso) com 95 e da Tartarugators 2 (Anderson Rocha, Guilherme Medeiros e Marcelo Saito), com 83.
A classificação completa está aqui.
Sucateado por anos de abandono, é de encher os olhos ver o Kartódromo de São José dos Pinhais repaginado, bem-cuidado, zebras pintadas e, sobretudo, capaz de receber novamente competições de maior porte. Parabéns aos comandantes Gilberto José de Camargo Jr. e Daiane Figueiró, a toda equipe do Kart Park e, em especial, ao responsável pelo rental kart Bruno Muxfeldt Rocha.
Não é segredo que um dos maiores entraves nas competições de rental kart é a manutenção e equilíbrio dos equipamentos. Posta à prova por praticamente 8 horas ininterruptas, pode-se dizer que a pequena frota de 15 karts do Kart Park foi valente, com pouquíssimas quebras, rapidamente reparadas, e diferenças de desempenho dentro dos padrões vistos em outros kartódromos.
Não fosse o atraso de meia hora no abastecimento dos karts entre as baterias E2 e C1, o cronograma teria sido rigorosamente cumprido. Mesmo assim, depois de 12 exaustivas baterias, o atraso acumulado não chegou a 20 minutos.
Incansável na condução do pódio, Fábio Jr. só largou o posto quando chegou sua vez de entrar na pista, delegando a função para Diego Fernandes. Claudinha Cardozo, que tem planos extra-corrida para 2021, substituiu Chico e Eduardo Johnscher na pesagem e organização das baterias quando estes foram para a pista.
A abertura da temporada 2021 viu o retorno de alguns pilotos há tempos afastados, entre eles um dos precursores da RNK, Carlos Feijão. Não ficou muito tempo no kartódromo, porém. Chegou correndo, correu e foi embora correndo.
Alijados da etapa por questões físicas, Eugênio Fabian e Juliano Cunha prestigiaram o evento e passaram vontade de acelerar. Marcaram presença também Pedro Giulliano, Michele Pessoa, Daniel Silva, Fernanda Galvão, Lucas Chaves, Ale Menine, entre outras figuras constantes no meio “kartístico”.
Rallyzeiro das antigas, Arthur Cezar Carvalho também passou pelo kartódromo para rever os amigos de longa estrada Chico Johnscher e Rodolpho Bettega e ver como funciona a Copa RNK. Será que em breve teremos mais um rallyzeiro no kart?
Os errenekazeiros também contribuíram participando da campanha Sábado Solidário no Kart Park, visando ajudar a comunidade carente de São José dos Pinhais atingida pela pandemia da covid-19.
Vinte equipes registraram inscrição para o 1º turno da Copa RNK. O cadastro de equipes pode ser feito por qualquer dos canais de comunicação da RNK (site, e-mail, WhatsApp, Facebook ou Instagram), e não via formulário de inscrição nas provas.
Está provado que a experiência não isenta de cometer erros primários. Se para Chico Johnscher o “vacilo” custou duas posições ao confundir bandeira branca e quadriculada, para Anderson Vieira o prejuízo foi ainda maior. Sexto colocado na bateria A1, o piloto esqueceu de comparecer à pesagem, caindo automaticamente para a última posição.
A Copa RNK, seus parceiros Candy Shop, Correta Redações, Canal RafaBin, Acrílico Shalon e Display Brasil e os pilotos se encontram novamente no dia 22 de maio em Ascurra.
