A Copa RNK conheceu no último sábado (5), no Kartódromo Aldeia da Serra, nos arredores paulistanos, um novo campeão. Elói Santana Junior, o Cazu, conquistou o título inédito depois de terminar em 6º a primeira prova da Superfinal e vencer a segunda e decisiva bateria.
Se na pista, por mais que uma ou outra disputa mais ríspida tenha acontecido, o respeito entre os 24 participantes prevaleceu, nos bastidores as coisas não foram assim tão simples, e uma série de entraves impostos pelo kartódromo atrapalharam os procedimentos habituais do campeonato.
A largada lançada não foi autorizada, assim como não foi permitida a premiação logo após a chegada nos habituais totens montados na pista. Também foi proibida a utilização das placas com a numeração própria dos pilotos presas à gravata dos karts. A muito custo, e após demorada negociação dos organizadores com os responsáveis pelo kartódromo, foi possível realizar a inversão do grid entre as duas provas.
Nada disso, no entanto, tirou o brilho da Superfinal. Quando as luzes vermelhas se apagaram, os motores roncaram alto e os melhores foram coroados.
1º GP da Aldeia
Antes da largada, os holofotes – e o favoritismo – de certa forma estavam dirigidos para o bicampeão Fábio Mathoso e o novo aspirante ao título Junior Cazu. Separados por três pontos na bonificação acumulada para a Superfinal, os dois reuniam as maiores chances de conquistar a Copa. A tomada de tempos, entretanto, relegou-os respectivamente à 13ª e 12ª posição no grid. A pole coube a uma rápida e precisa Claudinha Cardozo, enquanto Alex Junior Mota surpreendia colocando-se ao seu lado na primeira fila.
Ambos, porém, demoraram a reagir quando as luzes apagaram, e quem pulou na frente foram Eduardo Johnscher e Tido Olmedo, vindos da segunda e terceira filas internas, e lideraram as primeiras voltas, alternando-se na ponta. Na altura da quarta volta, Claudinha e Alex ultrapassaram e até chegaram a abrir distância confortável. Porém, enquanto passaram a disputar a dianteira, Tido e Eduardo, inteligentemente, passaram a se empurrar e fazer bom proveito do vácuo para novamente encostar nos ponteiros.
Na abertura da última volta, os líderes rasgaram a grande reta emparelhados, Eduardo grudado atrás. Numa última tentativa de ultrapassagem, Claudinha acabou perdendo a posição para Eduardo e, quando tudo parecia definido, Alex espalhou um pouco na última curva que antecede a reta de chegada, do que se aproveitou Eduardo para arrancar rumo à vitória. Esta foi decidida literalmente no cronômetro, por uma margem de ínfimos 4 milésimos de segundo; Claudinha foi a 3ª, a 0,029s; e Tido, o 4º, pouco mais de um décimo atrás, na chegada mais espetacular de toda a história da Copa RNK.
E os demais? E os nossos favoritos ao título? Luizinho Brambila, largando em 4º, chegou a esboçar uma briga pelas primeiras posições, mas logo na segunda volta, visivelmente tirou o pé, mais preocupado em fazer jogo de equipe para o companheiro Cazu. Este chegou em 6º, logo atrás de Guilherme Medeiros e escoltado por Luis Roberto, o 7º. Mathoso foi apenas o 10º, atrás ainda de Diego Bettega e Jackson Gonçalves, que largando de 17º, ainda obteve o bônus pelo maior avanço, assim como Luis Roberto. Na última volta, ainda, Luizinho abandonou para, jogando com o regulamento, gozar da prerrogativa de largar na frente na segunda prova.
Ao final da primeira prova, somados os pontos, Cazu assumia a liderança com 76 pontos, seguido de Eduardo Johnscher, com 74, Claudinha e Tido (73), enquanto Mathoso caía para a 5ª colocação, com 71 pontos.
2º GP da Aldeia
Sem qualify e com o grid invertido, Everton Tonel e Luizinho Brambila, que abandonaram a primeira prova na última volta, largaram na primeira fila. Quem, todavia, imagina que Brambila partiria em busca de ampliar seu recorde de vitórias na RNK, está completamente enganado. O plano, desde o início, era auxiliar o companheiro de Tartarugator’s a garantir o campeonato. Assim, logo na segunda volta, Luizinho já diminuía o ritmo e procurava Cazu na pista para empurrá-lo. E não demorou a acontecer. Este, em excelente largada saindo na antepenúltima fila, já fechava a primeira volta entre os dez primeiros. Tonel era o líder, seguido de perto por Thiago Vasconcellos e Bassam Hajar, Lucas Monteiro e Chico Johnscher um pouco atrás.
Em duas voltas, Cazu e Luizinho já apareciam na dianteira e sumiram na frente, abrindo mais de 10 segundos na chegada. Tonel e Thiago brigavam pela 3ª posição, Bassam se firmava em 5º e uma disputa pelo 6º lugar começava a ser travada entre Chico Johnscher, Lucas Monteiro, Anderson Rocha e Emygdio Westphalen, enquanto Fábio Mathoso, Jackson Gonçalves, Luis Roberto, Eduardo Johnscher e Tido Olmedo tentavam escalar o pelotão.
Cazu cruzou em primeiro, ladeado por Luizinho Brambila, Thiago Vasconcellos ganhou o duelo contra Tonel para chegar em 3º e Bassam foi o 5º. A uma volta do fim, Chico Johnscher perdeu cinco posições de uma vez só para um trenzinho formado por Jackson Gonçalves, Anderson Rocha, Fábio Mathoso, Emygdio e Eugenio Westphalen, que completaram os dez primeiros.
Campeonato
Com os resultados, somados os pontos da rodada dupla aos bônus conquistados nos dois turnos, Cazu sagrou-se campeão com 128 pontos. Mathoso, com 101 pontos foi o vice, Jackson o 3º com 98, Eduardo Johnscher o 4º com 88 e Tido Olmedo o 5º com 85. Completaram o Top 10 da RNK 2022 Luis Roberto (79), Claudinha Cardozo (77), Luizinho Brambila (73), Guilherme Medeiros (68) e Eugenio Westphalen (61).
Única representante feminina na Superfinal, Claudinha ficou com o título de Mulher do Ano. A premiação especial Super100 para pilotos com mais de 100 kg foi conquistada por Marcelo Saito, com um total de 180 pontos em toda a temporada, 11 à frente de Diego Bettega – este prejudicado por ter estreado na metade do campeonato. Luis Roberto foi o Estreante do Ano.
Última volta
Além da intransigência em relação aos procedimentos habituais da Copa RNK – até o sorteio dos karts foi motivo de impasse – a administração do Kartódromo Aldeia da Serra ainda tentou cobrar R$ 480 da organização pelo uso dos lastros, o que obviamente não foi aceito.
Para não nos limitarmos apenas a críticas, é preciso reconhecer a excelente estrutura e conforto do kartódromo, que conta com belas instalações, boxes amplos, ótimo serviço de restaurante, limpeza permanente dos banheiros e pontualidade britânica.
Presentes mesmo ficando de fora da Superfinal, Elvira Cilka e Bruno Ortiz foram fundamentais na logística da prova, realizando a pesagem, sorteio, organização do grid, entre outras atividades essenciais para o sucesso do evento.
Chamou atenção o nível de profissionalismo da equipe Tartarugator’s. Com 7 pilotos classificados, chegaram a Barueri um dia antes da prova e levaram karts próprios para treinar e estabelecer estratégias para alcançar o título.
Provocou comentários e reclamações a atitude de Fábio Mathoso durante o alinhamento para a largada da primeira prova. No momento em que se formava o grid, o piloto levou seu kart ao box para calibrar pneus. Como o regulamento só prevê punição – largar em último – em caso de troca de kart, ficou o dito pelo não dito e Mathoso largou normalmente em sua posição original. Mas que pegou mal, pegou… Mais um ponto a ser discutido para o regulamento de 2023.
Um dos mais eufóricos após a chegada era Bassam Hajar. Ao contrário dos anos anteriores, quando largou na primeira fila devido ao grid invertido e chegou em último, desta vez garantiu um lugar no pódio. O piloto atribuiu o desempenho ao fato de ter participado da bateria de treinos livres antes da prova, mas confessou que as últimas voltas foram intermináveis devido ao cansaço.
O prêmio Maneco Combacau, para o piloto que mais avança em relação à sua posição de largada ao longo das 14 etapas, vai para Jackson Gonçalves, com 59 ultrapassagens no ano. Completam o grupo dos 10 pilotos que mais avançaram: Claudia Cardozo (46), João Chevalier (32), Eduardo Johnscher (31), Luis Roberto (31), Junior Cazu (30), Eduardo Almeida (28), Fábio Mathoso (26), Chico e Marjorie Johnscher (ambos com 24).
A premiação para os melhores de 2022 será no próximo dia 7 de dezembro, no Aces High Aviation Rock Bar, na Rua Sete de Abril, 835, Alto da XV, em Curitiba. A festa de encerramento e confraternização também terá o lançamento e abertura de inscrições para a temporada 2023 e a transferência do esperado troféu Pé de Breque, atualmente em poder de Bassam Hajar.