Eduardo Bettega, Guilherme Szpigiel, Rafael Vianna, Marcelo Rosa, Fabio Knabben, Rodolpho Bettega, Bruno Vianna, José Revoredo, Menyr Zaitter, Priscila Driessen. O que esses dez nomes têm em comum? Todos fazem parte da 1ª geração de pilotos da RNK e, pelas mais variadas razões, estão afastados das pistas. Mesmo assim, estão entre os que mais frequentaram o grid ao longo das 74 provas que fizeram a história do campeonato. Juntos, somam 435 largadas, 144 pódios e nada menos do que 22 vitórias – Revoredo, Zaitter e Priscila são os únicos que nunca subiram ao topo do pódio.
Confira a seguir por onde eles andam e as suas lembranças da Copa RNK. Menyr Zaitter foi o único que não atendeu nossa reportagem.
Em meados de 2016, depois de uma série de maus resultados, Eduardo Bettega abandonou as pistas. Segundo ele, “por questões de prioridade financeira, a RNK ficou muito pesada no orçamento”. Mesmo assim, um ano e meio depois, ainda se mantém entre os pilotos que mais venceu na RNK. Com 8 vitórias no currículo, só fica atrás de Luizinho Brambila, Andrey Lima, Eduardo e Chico Johnscher. O ex-piloto ainda guarda na memória suas melhores lembranças da RNK: “As maiores alegrias foram a vitória sobre o Chico na última curva [Raceland, na abertura da 2ª Copa RNK] e a vitória na Penha [na primeira prova da RNK fora do PR]”, lembra Eduardo.
Também financeira foi a principal razão para que Fabio Knabben deixasse as pistas. “Correndo quase todas etapas fora, o orçamento ficou fora do disponível” admite ele, que hoje mora em Joinville, onde cursa Engenharia Automotiva e participa do desenvolvimento do projeto Fórmula Cem. Knabben estreou em 2013, surgindo como um dos pilotos mais promissores da RNK, alcançando o 3º lugar no ano seguinte e o vice-campeonato em 2015. Mesmo de longe, Knabben acompanha a RNK pelas redes sociais, principalmente quando tem corrida e relembra com emoção a alcunha de “rei do pódio” que deteve por muito tempo: de cada quatro provas disputadas, Knabben subiu ao pódio em três, marca somente superada por Andrey Lima e Luizinho Brambila.
Para Bruno Vianna, o que atrapalhou foi a residência médica, que lhe toma praticamente todos os fins de semana. Dono de quatro vitórias na RNK, duas conquistadas em São José dos Pinhais no 1º turno de 2016, ele foi o vice-campeão do Troféu Candy Shop em sua melhor temporada na RNK, que acabou abortada no meio do ano. Bem-humorado, diz que a maior decepção “foi saber que meu maior talento era meu baixo peso…”. E continua ao ser perguntado se acompanha as notícias da RNK: “Não precisa, né? ‘LO venceu’; ‘LO venceu outra’; ‘LO vence mais uma’”, brinca referindo-se ao campeão Luizinho Brambila. Bruno, assim como seu irmão Rafael, promete estar de volta em 2018.
Rafael Vianna, aliás, diz que “em meu íntimo ainda não parei”. Suas ausências e a parada repentina na metade deste ano decorreram de conflito de datas com outro hobby do piloto, o pôquer. Fora das pistas em todo o segundo semestre, Rafael tem acompanhado a RNK pelo site, Facebook, pelo grupo do WhatsApp e assiste às corridas dos pilotos que disponibilizam seus vídeos no YouTube. “Não estou correndo, mas estou por dentro dos resultados e das coisas que envolvem a competição”, confessa. E admite que “a mistura na dose certa de competitividade e camaradagem que encontrava na RNK faz falta”.
José Claudio Revoredo é evasivo ao falar dos motivos que o tiraram das pistas. “Problemas profissionais”, disfarça. Para ele, que é um dos poucos que esteve presente na primeira prova da RNK no longínquo 31 de março de 2012, a Copa é insubstituível. Ele também acompanha tudo pelo site e pelo YouTube desde que parou de correr, em junho deste ano, e garante que “assim que resolver os problemas que me obrigaram a me afastar, volto a correr junto com vocês.”
Problemas de saúde motivaram as desistências de Rodolpho Bettega, Marcelo Rosa e Guilherme Szpiegel. Este, após um acidente em Joinville, que lhe deixou de herança uma lesão no ombro, em maio de 2015. Desde então, seu único contato com a RNK se dá através do grupo dos pilotos no WhatsApp, do qual ainda faz parte. Carioca da gema, boa prosa, Szpiegel confessa que sente saudades das pessoas, das corridas e das vitórias: “principalmente as duas em Registro, o que me rendeu o título de REIgistro”, relembra.
Para Rodolpho Bettega, a RNK é mais que um hobby: “sempre foi uma competição levada muito a sério e nunca terá substituto”, afirma ele, mais um dos pioneiros que esteve presente na primeira prova da história. Bastante decepcionado por ter ficado fora das pistas há seis meses, entretanto, acompanha tudo o que acontece na RNK e demonstra imensa alegria ao ver o quanto o campeonato cresceu.
Filha de rallyzeiro, Priscila veio para a RNK junto com o pai, Dario Driessen. Durante 4 anos rivalizou com Marjorie Johnscher as atenções femininas nas pistas. Rápida mas afoita, conquistou o vice-campeonato na classe A (até 80kg) na primeira temporada, atrás apenas de Chico Johnscher. Numa época em que o lastro não era obrigatório para as mulheres, Priscila subiu por diversas vezes ao pódio e se orgulha da dobradinha feminina (Marjorie foi a vencedora) e a melhor volta em sua última participação, no Raceland. Em 2015, mudou-se para Cascavel, o que a impossibilitou de permanecer na Copa RNK. A pilota até tentou outro campeonato no Oeste, “mas não era a mesma coisa”. E concluiu: “Se eu voltar pra Curitiba ou se tiver um campeonato aqui em Cascavel tão bacana quanto a RNK, eu voltaria a correr.”
Em comum, todos eles guardam as boas lembranças que marcaram as corridas, o convívio e as amizades que surgiram no grupo. “Tenho saudades dos amigos, das viagens e de andar de kart”, afirma Eduardo Bettega. “Sinto saudades do pessoal que corria junto comigo”, admite Priscila. Bruno Vianna recorda “a alegria pela adrenalina descarregada e pelo ambiente amistoso formado”. Para seu irmão Rafael, “a maior alegria talvez tenha sido a vitória em Joinville numa bateria que tínhamos o Samurai, Demmer e o Rick Bull. Mas mesmo não tendo outras vitórias, guardo boas lembranças de pegas na Penha neste primeiro semestre e uma disputa com o Chico e o Luizinho em Registro, na qual acabei chegando à frente”.
“Faz falta estar perto de amigos, em uma competição saudável”, diz Revoredo, cuja única decepção é que “poucas vezes tive um kart competitivo”. Queixa também compartilhada por Rafael Vianna: “As minhas decepções ficam mais por pegar karts inviáveis e muitas vezes não ter a atenção devida do kartódromo. Algo que acontecia muito no Raceland, que já foi banido do calendário da RNK”. O Raceland, aliás, só foi motivo de saudades para Rodolpho Bettega.
A frustração pelo abandono, no entanto, é mais visível nas palavras daqueles que se aposentaram há mais tempo, como Fabio Knabben, Priscila Driessen e Guilherme Szpiegel. “Minha maior decepção foi ter parado antes de ganhar uma corrida”, confessa Priscila. Indagado sobre sua maior decepção, Szpiegel foi reticente mas preciso: “A minha saída do campeonato de 2015…estava em 3º bem perto do 1º…tinha chances…”
Em tempo: Rafael Vianna, Marcelo Rosa, Zé Revoredo, Rodo e Eduardo Bettega marcaram presença na festa de encerramento da RNK no último sábado. Um sinal de que pode ter gente anunciando o fim da aposentadoria em 2018. Rafael Vianna mandou até um recado: “Pessoal da Série C, se cuida que estou voltando!”